Pular para o conteúdo principal

Mais Difícil Ouvir



      Palavras machucam. Algumas delas mais que um soco na boca do estômago. Se essas palavras advém de alguém amado, a dor é ainda maior. Nesse caso, seria mais como o cravar de uma adaga no ventrículo esquerdo, impedindo que este lance o sangue para o restante do corpo. Como bem diz o título desse Blog: é "Mais Fácil Falar" do que, nesse caso, ouvir. Existe uma dicotomia intrínseca a esses dois elementos fundamentais para esse post: o Falar e o Ouvir
       Existe um conceito Beneditino muito famoso que afirma que "temos dois ouvidos e apenas uma boca que é para ouvir mais e falar menos". São Bento e sua ordem ressaltam a importância de saber ouvir. Todos os dias escutamos coisas das mais variadas na nossa rotina como barulhos, músicas, sons aleatórios ou até mesmo escutamos uns aos outros. Percebam que quando falo ouvir me refiro ao ato de assimilar o som escutado. Portanto, se algo não interessa pode muito bem ser escutado e não assimilado. Então, o ouvir, no sentido mais completo da palavra, pode não ser algo tão simples quanto se supõe inicialmente. 
      O mais potente e perfeito instrumento musical que existe está encravado em nossas gargantas. Das cordas vocais saem nossa voz, uma poderosa ferramenta raramente utilizada devidamente. Poderosa pois com uma dúzia de palavras é possível criar uma Guerra Mundial ou, com  a mesma dúzia, acabar com um conflito. Portanto, o falar possui um mecanismo similar ao ouvir. Qualquer pessoa pode muito bem falar o que quiser e o quanto quiser. Mas o quanto essas palavras emitidas representam verdadeiramente a opinião de quem fala? E mais, o quanto essas palavras realmente possuem uma razão para serem expressadas? Com esses questionamentos podemos notar que o falar, no sentido mais subjetivo da palavra, também pode não ser algo banal. 
       Mas e como esses conceitos se relacionam entre si? Simples. A partir do momento que alguém fala e outro alguém ouve, não existem garantias de que a ideia de quem fala será assimilada e nem de que quem fala está expressando o que realmente quer para quem ouve. É aí que entra o início desse post. Palavras machucam. 
     Sim, Palavras machucam. Algumas delas mais que um soco no estômago. Se essas palavras advém de alguém amado, a dor se assemelha mais como o cravar de uma adaga sem piedade bem no ventrículo esquerdo. Socos ou punhaladas possuem efeito e consequência imediatos. Um olho roxo e um sangramento. Rápido, letal. Palavras mal ditas não. Essas ecoam, insistem, duram... Lento, atordoante. Palavras malditas. 
       Como diz o velho ditado popular, "quem bate esquece, quem apanha não". Analogamente, podemos dizer que quem fala também esquece, mas quem ouve não... Então será que é mesmo Mais Fácil Falar, afinal de contas? Pode até ser que sim. Mas ouvir as palavras erradas certamente machucam mais do que falar as palavras erradas. É preciso ter maturidade para ouvir, equilíbrio para assimilar e acima de tudo cautela ao falar, pois as palavras erradas podem ecoar pela eternidade na mente de alguém. Perdoem minha redundância, mas palavras machucam sim!
            







Comentários