O transe inebriante da vida em quarentena afasta a mente muitas vezes da realidade e de como as coisas funcionam em tempos normais sem pandemia. Somos pegos muitas vezes sendo arrastados pela espera de uma retomada incerta e sem programação no horizonte. Aguardamos ansiosos para ter de volta aquele mundo que não conhecia o coronavírus e que éramos felizes, tristes, com nossas conquistas e nossos fracassos, cansados, motivados, enfim… VIVOS.
Parece outra vida aquela que era possível sair na rua, apertar a mão de um conhecido, abraçar um parente distante, ir em festinhas e assistir aulas presencialmente.
Mas aquele mundo de antes da pandemia não existe mais e nem existirá. E isso não quer dizer que não voltaremos a fazer tudo o que fazíamos, mas apenas quer dizer que após esse período em transe, não seremos mais os mesmos.
A realidade se revela em pequenos instantes e sua nova face é de um mundo profundamente marcado por pessoas feridas por essa experiência surreal de confrontar um inimigo fisicamente invisível, mas que se revela cruelmente presente a cada dia, com suas notícias trágicas incansáveis e incessantes.
A medida que a vacinação avança, cresce a esperança de que em breve lembraremos desse momento cruel como um período surreal que parecerá para todos momentos de uma outra vida ou de uma realidade paralela.
Um novo mundo está surgindo aos poucos, com pessoas diferentes e com costumes alterados. Um mundo que vivenciou embates de ciência contra negacionismo. Que experimentou novas formas de se conectar e de estar junto. Novas maneiras de ser grato até pelas coisas mais simples e que se perderam nesse tempo de isolamento.
A conta-gotas, em doses homeopáticas, pequenos momentos de normalidade vão se tornando comuns de novo e logo tudo está mais uma vez diferente.
Que as marcas e lições desse período nos faça melhores seres humanos pois mesmo nos períodos mais sombrios, haverá sempre uma luz a iluminar nossa existência, cabe a cada um de nós enxergá-la.
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