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Muro de Berlim dentro de mim



Como conviver consigo mesmo? 

Todos nós somos uma reunião de diferentes "Eus" trancados dentro de nossa consciência, que é o único local em que verdadeiramente existimos sem mistérios, sem nuances, sem segredos e sem medo de julgamentos. Afinal, sentimos que podemos confiar em nós mesmos e a nós falamos tudo.
Já os fragmentos de nossas versões são expostas em pitadas, de formas diferentes para cada pessoa que se interage, ou grupo ou ainda o local que se encontra. 

A diferença é o que temos em comum


Mas e quando nem mesmo em nossa consciência encontramos um lugar seguro para falar francamente? 

Existem diversos momentos na vida em que sentimos o peso das dúvidas que levamos conosco se erguer como um imenso muro separando lados opostos dentro de nós, dividindo emoções, sentimentos, medos, ressentimentos, insegurança, etc. Viver com um muro dentro de si é conviver com um estranho dentro dos próprios pensamentos. É como desprezar uma parte da própria existência  pela impotência perante esse muro que se agiganta a cada dia que hesitamos em derrubá-lo. 

Há um muro de concreto entre nossos lábios
Há um muro de Berlim dentro de mim
Tudo se divide, todos se separam

Como conviver consigo mesmo?

Como na música de Gessinger, o maior esconderijo que encontramos pros nossos medos é na escuridão da nossa consciência. O maior empecilho em reunir esses diversos "Eus" e transformá-los em uma única versão original de si mesmo é o medo de como toda essa carga acumulada por anos a fio na completa escuridão será vista por todos que nos cercam quando os holofotes iluminarem-na. 

O melhor esconderijo, a maior escuridão
Já não servem de abrigo, já não dão proteção
A Líbia é bombardeada, a libido e o vírus
O poder, o pudor, os lábios e o batom


Mas finalmente, existe um Alívio Imediato pra derrubar nossos Muros de Berlim?

Como tudo na vida se trata de um processo, acredito que todas as mudanças significativas devem ser feitas de forma gradativa. Devemos começar limpando a mente e buscar ter paz consigo mesmo antes de qualquer coisa. Sem paz interior não há tranquilidade para resolver os desafios que o mundo nos impõe. Cada dia é um recomeço e cada segundo uma chance de quebrar a inércia, quebrar o próprio espelho que reflete uma imagem ultrapassada, quebrar o silêncio. 

Há espaço pra todos, há um imenso vazio
Nesse espelho quebrado por alguém que partiu
A noite cai de alturas impossíveis
E quebra o silêncio e parte o coração

Por maior que seja o tamanho do muro que nos separe de nós mesmos, a única certeza é que podemos nos apoiar nas pessoas que nos cercam e nos amam e com certeza ajudarão a retirar tijolo por tijolo  do caminho até que cada um de nós consigamos olhar pra dentro de si e enxergar a beleza que existe em ser simplesmente um único Eu e conseguir enfim conviver consigo mesmo.

Que a chuva caia como uma luva
Um dilúvio, um delírio
Que a chuva traga
Alívio imediato

Que a noite caia
De repente caia
Tão demente quanto um raio
Que a noite traga
Alívio
Alívio
Alívio
Alívio







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