Pular para o conteúdo principal

Os Elefantes Brancos da Engenharia Brasileira

 Conheça um pouco das obras faraônicas que custaram muito e pouco trouxeram ao povo brasileiro 
 
 

            Você conseguiria se lembrar de alguma grande obra da engenharia brasileira? Podemos citar rapidamente um grande número de obras bem sucedidas na história do Brasil, como por exemplo, a construção de Brasília (a primeira cidade planejada no território nacional), a ponte Rio-Niterói, o complexo hidrelétrico de Itaipu e também o Mirante do Vale (o maior edifício do país). Por outro lado, também existe uma imensa quantidade de obras que não terminaram e que, apesar do alto valor envolvido, não trouxeram os benefícios esperados para a população. Nessa reportagem, vamos relembrar alguns exemplos negativos de obras inacabadas no nosso país.

 
1. Rodovia Transamazônica:
“Levar homens sem terra para uma terra sem homens”. Com essa frase o General Emílio Garrastazu Médici lançou a semente da sonhada Integração Nacional, levando 500 mil colonos pra construir quase 5.000 km de estradas no Norte do país. Para se ter uma ideia da extensão da rodovia, a Transamazônica seria equivalente a uma estrada que ligasse Lisboa, em Portugal, a Kiev, na Ucrânia. 
A ideia inicial era abrir um corredor de exportação pelo pacífico, cortando a Amazônia, passando pelo Peru e Equador. Para isso, foram gastos 1,5 bilhão de dólares da época (quase 7,7 bilhões de dólares hoje), mas mesmo 43 anos depois de iniciada, a obra que era o símbolo do “Brasil grande”, não foi concluída e se transformou num dos maiores Elefantes Brancos da engenharia nacional.

 


2. Ponte Internacional Brasil - Guiana Francesa:

A ponte estaiada, que seria a primeira ligação terrestre entre o Brasil e a Guiana, possui 370 metros de comprimento e foi concluída, mas até agora não tem previsão de quando será inaugurada. As pessoas continuam cruzando a fronteira através de canoas e a cidade francesa de Saint-Georges abriga mais de 40 mil imigrantes ilegais brasileiros que foram em busca de empregos na construção civil.
A obra foi executada pelo Governo Brasileiro em parceria com o Governo Francês e custou aos cofres nacionais cerca de R$ 71 milhões. A construção foi iniciada em 2005, e a expectativa era que fosse inaugurada em 2010. Para a inauguração da ponte são necessárias várias intervenções no ‘lado brasileiro’.
A estrada que liga a capital do Amapá até a chamada Ponte Binacional ainda está sendo pavimentada e enfrenta diversos problemas, como por exemplo, protestos dos indígenas no trajeto da rodovia. Também é necessária a construção de um posto de fronteira além da resolução de vários entraves burocráticos com o governo Francês para a liberação da ponte para o uso da população local. No ‘lado Francês’ da ponte, a estrada já foi pavimentada e sinalizada.

 
 


3. Transposição do Rio São Francisco:

 Como em toda grande obra, a expectativa gerada em torno do benefício e das consequências que serão trazidas é muito grande. Ainda mais uma obra que prometia acabar com a seca nos estados mais afetados pela estiagem no país. A transposição do Rio São Francisco seria a salvação de milhares de famílias nordestinas que vivem em condições de miséria no sertão. A transposição é a maior obra de infraestrutura hídrica em andamento no Brasil e custou nada menos que R$ 8,2 bilhões, com sobrepreços cada vez maiores. Um projeto básico mal feito gera grandes distorções no orçamento do projeto executivo, que é feito gradativamente com o andamento das obras.
A transposição está sendo realizada em duas frentes: o norte tem 402 km e sairá de Pernambuco, passando pelo Ceará, pela Paraíba e chegando até o Rio Grande do Norte; e o leste tem 220 e levará água de Pernambuco à Paraíba.
Enquanto vive a maior seca da história, o nordeste não tem hoje grandes canteiros de obras e por isso não existe grande esperança da população na conclusão do projeto. Vários trechos da transposição estão abandonados, mato cresce onde devia correr água, trechos teoricamente concluídos estão deteriorados e cheios de rachaduras. O dinheiro jorra dos cofres públicos há anos, mas nenhuma gota foi usada pelo povo até agora na obra que deveria ter sido entregue em 2012.
Muitos se orgulham de dizer que hoje o Brasil é um canteiro de obras. O principal problema desse conceito é que boa parte desses projetos nunca chegam ao fim, ou são mal executadas. O déficit de engenheiros no país faz com que muitas dessas obras sejam realizadas sem uma rigorosa análise das condições favoráveis e desfavoráveis de cada projeto. Apenas no ano passado 31 obras federais foram paradas para se investigar o uso indevido do dinheiro público.

 


 Engenharia e política estão muito ligados visto que o maior objetivo da engenharia é dar melhores condições de vida para a população. Com ações concretas do governo em planejamento e fiscalização os grandes projetos desse país se tornarão realidade com grande contribuição dos diversos segmentos da engenharia. Resta a nós cidadãos fiscalizar como está sendo gasto o dinheiro dos nossos impostos.


Essa reportagem pode ser encontrada no site www.engenhariae.com.br

Comentários