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A Onda



          Desde maio de 2017 alerto para a onda conservadora que o mundo está passando nos últimos anos, como dito aqui nesse post. Pois bem, desde então tivemos a volta do partido "Alternativa para Alemanha" no congresso da Alemanha, o primeiro de extrema direita a entrar no congresso desde a derrocada do Nazismo. Tivemos caminhadas de cunho neonazista com tochas e gritos contra negros e diversas minorias em Charlottesville, Estados Unidos. E agora, no Brasil, tivemos não apenas a iminente eleição de Jair Bolsonaro, mas a invasão do Congresso Nacional por uma maioria conservadora e carregada pela onda "anti-PT" que tomou o país.
           O risco de Bolsonaro já era anunciado desde a eleição de Trump, quando o próprio Bolsonaro se anunciava como o "Trump Brasileiro". Mas não o é. Trump era um real outsider na política Norte-americana. Ele nunca havia exercido cargos no governo mas possuía inúmeros negócios e uma fortuna tão grande quanto seu ego. Já Bolsonaro possui mandatos parlamentares há mais de duas décadas, sem ter apresentado nenhum resultado ou projeto para justificar tantos anos desfrutando de benefícios pagos com dinheiro público, muitas vezes gasto segundo o próprio para "comer gente".
       As fake news, também discutidas nesse outro post, valem mais atualmente que notícias divulgadas pelos principais jornais tradicionais e jornalistas independentes do país, da mesma forma como ocorreu na eleição de Trump. Por outro lado, vemos diversos relatos de agressões de apoiadores de Bolsonaro a pessoas das mais diversas. Ver o próprio candidato falar que vai governar para a maioria e que a minoria deve se curvar é o típico discurso que um presidente não pode dar já que incentiva os seus apoiadores a tomar atitudes extremadas, como a sofrida pelo próprio Bolsonaro no episódio do ataque sofrido no primeiro turno das eleições.
              Em oposição a um candidato de extrema direita é preciso que haja um candidato de centro e ponderado capaz de unir a população a favor de algo, e não contra alguém. O que ocorreu no Brasil foi um movimento #ELENAO, o que é uma mídia gratuita pro candidato odiado. Não é a toa que após a realização de diversas caminhadas e tuitaços contra Bolsonaro, quem mais cresceu nas pesquisas foi ele próprio. O problema é que não temos a tecla "Ele Não" nas urnas. E com a pulverização de candidaturas sem que nenhuma tivesse êxito em mostrar propostas e atitudes capazes de unir o país a favor da democracia e do desenvolvimento, o que aconteceu foi uma divisão do país entre "Anti-Bolsonaro" e "Anti-PT".  O resultado disso é um segundo turno eleitoral onde a maioria da população não quer nem um, nem outro.
              Bolsonaro ganhará as eleições por que simplesmente as pessoas não se uniram em torno de propostas e ideias. Ao contrário, o que se vê são ataques pessoais ao candidato extremista e também as pessoas que escolheram Bolsonaro pelos mais diversos motivos. As pessoas se atacam de racistas, homofóbicos, misóginos, facistas, bandidos, ignorantes, bitolados, etc. E tudo isso é tudo o que Bolsonaro poderia querer numa eleição. Como visto e explicitado muitas vezes pelo próprio candidato, ele não entende absolutamente nada de economia e não tem propostas concretas para saúde, educação, segurança pública, etc. Portanto o debate se dando no campo da personalidade e das ofensas, ele leva vantagem sobre Hadddad, ja que este representa o PT e toda a rejeição que essa legenda carrega desde a descoberta dos diversos esquemas de corrupção.
              Portanto, atacar o candidato e também seus eleitores só ajudam Bolsonaro em sua narrativa. É preciso o discurso de união. É urgente se discutir o país e como o próximo presidente vai melhorar e resolver os problemas que afligem a população todos os dias. É fundamental ter em mente que no dia 01/01/2019 de qualquer forma Bolsonaro ou Haddad estará sentado no cargo mais alto de nossa nação e precisamos que estejamos todos unidos contra propostas retrógradas que retire os direitos conquistados duramente pela sociedade. Direitos humanos não são frescuras para proteger bandidos, mas garantias básicas que independente de quem seja, será tratado com o mínimo de dignidade. 
            É preciso que se respeite as opiniões diversas e que se aprenda a discordar. Se hoje ocorreu uma onda conservadora, não precisa de mais desespero! É preciso sim, seguir dialogando, expondo ideias, conciliando o tom das conversas e lutando a cada dia contra injustiças e desmandos; tapando as feridas abertas na sociedade através do debate e do convencimento, sem ofensas e sem violência! Até porque o mundo não vai acabar no dia 28! Se a onda de hoje é conservadora, isso é apenas um sinal que amanhã a onda da vez será de LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE! 

Ódio se combate com Amor, muitas ideias e atitude de a cada dia lutar por aquilo que se acredita.



"É algo desagradável, um país que olha o tempo todo para o chão quando deve olhar para os horizontes"
Fernando Henrique Cardoso

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